No último sábado (26) aconteceu em Salvador, na sede do DCE da UFBA, a
4ª Plenária Feminista e Popular, com o tema da Descriminalização e Legalização
do Aborto. O debate ocorreu pela aproximação do dia Latino Americano e Caribenho de luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto foi organizado pelas mulheres do Núcleo Negra Zeferina da Marcha Mundial das Mulheres, Levante Popular da Juventude e Consulta Popular.
Nessa conjuntura de crises econômica, social e política, e grande avanço
do conservadorismo, sabemos que as mulheres são as mais atingidas, e no que
tange os direitos reprodutivos, tramitam no Congresso Nacional projetos de lei
que representam verdadeiros retrocessos para nossas vidas.
Em nossa cidade não é diferente. A última ofensiva veio em forma de uma lei Municipal, instituindo o Dia Municipal de Conscientização
Antiaborto, de autoria da vereadora Cátia Rodrigues. Daí, podemos concluir que
a Prefeitura e a Câmara Municipal da cidade de Salvador estão, no mínimo,
fechando os olhos para a realidade, pois temos, em nossa cidade, o aborto
clandestino como a primeira causa de morte materna.
Atualmente o aborto é legal em apenas 3 casos: estupro, risco de morte
da mulher e anencefalia. Estima-se quem entre 2004 e 2013 foram realizados
entre 7,5 e 9,3 milhões de abortos no Brasil. E segundo o estudo feito pela
Universidade de Brasília (UnB), comandado pelos pesquisadores Débora Diniz e
Marcelo Medeiros, uma a cada cinco mulheres com mais de 40 anos já fizeram,
pelo menos, um aborto na vida.
No Brasil são realizados cerca de 1 milhão de abortos induzidos a cada
ano. E a cada 2 dias morre uma mulher em decorrência de abortos realizados de
forma insegura. A garantia do aborto legal e seguro evitaria a morte dessas
mulheres. As principais vítimas são mulheres pobres e negras que, sem
alternativa, utilizam métodos clandestinos inseguros que põem suas vidas em
risco.
Temos o desafio de apontar ações que nos façam avançar na auto-organização, organização
das mulheres e no acúmulo de forças para barrar esses ataques aos nossos
direitos, corpos e vidas. A criminalização do aborto é sustentada por uma moral
religiosa imposta e que é ineficaz para salvar a vida das mulheres que abortam.
Seguiremos lutando e marchando até que todas sejamos livres!
"Eu aborto, tu abortas,
Somos todas Clandestinas"