terça-feira, 18 de março de 2014

A COISA FICOU PRETA: ACAMPAMENTO DA JUVENTUDE DA PERIFERIA - SALVADOR


Aconteceu nesse último fim de semana, de 14 a 16 de março de 2014, o I Acampamento da Juventude da Periferia do Levante Popular da Juventude de Salvador, no Colégio Estadual Dona Leonor Calmon, no Bairro da Fazenda Grande II, Cajazeiras.
O Acampamento, que começou no dia 14 pela noite, teve como objetivo central debater os desafios e perspectivas da juventude da periferia. Trazendo elementos da realidade dos jovens que vivem nas periferias da cidade, do estado e do país, como hip hop, grafite, dança, música, trabalho, preconceito e extermínio da juventude.

Passaram pelo Acampamento cerca de 150 pessoas entre militantes do Levante Popular da Juventude que trabalham na frente territorial nas periferias de Salvador, Aracaju e Natal, e contou com jovens de mais de 30 bairros de Salvador: Alto de Coutos, Barbalho, Boca da Mata, Brotas, Cabula, Cajazeiras, Campo Grande, Castelo Branco, Chame-Chame, Costa Azul, Cosme de Farias, Doron, Fazenda Grande II e IV, Fazenda Grande do Retiro, Federação, Garcia, Itapuã, Itaigara, Jaguaribe, Jaguaripe, Liberdade, Lobato, Narandiba, Nova Brasília, Nordeste de Amaralina, Pau da Lima, Rio Vermelho, São Caetano, São Rafael, Trobogy.

Sábado pela manhã a mesa de abertura teve o tema “A Juventude da Periferia: Sonhos, Lutas e Correrias”, contou com a presença de Mara Farias, da Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude, que atua em Natal – RN, Sinho do Levante Popular da Juventude e Aliados Pelo Verso, de Aracaju – SE, Rafael Vaz do Levante Popular da Juventude do Bairro de Cajazeiras, e Gabriela Fontes do MST e Levante Popular da Juventude de Salvador.

No período da tarde aconteceu o cinedebate, com o Cine Maloca, foi passado o filme “O menino Joel”, documentário que trata do assassinato de Joel da Conceição Castro, de 10 anos, morto em novembro de 2010, em uma ação policial no Nordeste de Amaralina. Espaço que emocionou toda a plenária, por ser essa a realidade de muitos dos presentes, que convive ou conviveu com a realidade do genocídio do povo negro entre sua família e amigos. Contou com a presença de Andreia Santos e Hamilton Borges da Quilombo X - Ação Comunitária e Campanha Reaja ou será morto, Reaja ou será morta, Fred e Felipe do Cine Maloca, e Gabriel Machado do Levante Popular da Juventude.


Já no domingo pela manhã aconteceram oficinas de break, grafite, stencil, cadernos/blocos de anotações, capoeira, turbante, dread. Momento que integrou os jovens presentes nas atividades que tem um grande potencial de movimentar e mudar a vida do povo se acompanhadas de um objetivo em comum, um projeto que possibilite a transformação da realidade das periferias e de quem nelas mora.


Pela tarde aconteceu o espaço “Quantos negros dramas faz um rico?” e “Como construir o Levante em seu bairro” com Mário Neto da Consulta Popular e Patrícia Chaves da Coordenação Nacional do Levante Popular da Juventude. Após uma retomada histórica e analise da realidade da classe trabalhadora, o grupo debateu os desafios da juventude para os próximos períodos. Sendo um deles a construção do Plebiscito Popular por uma constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, que se mostra fundamental para a que os interesses da juventude sejam melhor representados, o que não acontece no atual sistema político. Outro desafio é a construção de atividades que estão na agenda de lutas para o ano de 2014, como a construção do Acampamento Municipal do Levante Popular da Juventude em Salvador, o II Acampamento Nacional que acontecerá em São Paulo, a II Marcha Nacional contra o Genocídio do Povo Negro, que irá acontecer no dia 22 de agosto de 2014, organizada pela Quilombo X – Ação Comunitária e pela Campanha Reaja ou será morto, Reaja ou será Morta. Sendo fundamental, para que essa construção traga conquistas para a classe trabalhadora, o comprometimento dos e das jovens presentes no Acampamento com a luta do povo e em organizar o levante em cada bairro que se fez presente.

A Juventude dos Guetos contra o Genocídio dos Pretos!
A Juventude do Brasil é FOGO NO PAVIO, FOGO NO PAVIO, FOGO NO PAVIO!



Salvador, 17 de março de 2013.

quinta-feira, 13 de março de 2014

50 anos do Golpe: A disputa pelas ruas e pelo seu significado

Por Alexandre Xandó *

Às vésperas do desgostoso aniversário de 50 anos do Golpe Civil Militar, uma polêmica foi instaurada na cidade de Vitória da Conquista-BA. Fora apresentado pelo vereador Florisvaldo Bittencourt (PT), em conjunto com a Comissão Municipal da Verdade, um projeto de lei que veda a denominação de ruas, prédios e equipamentos públicos de qualquer natureza, com o nome de indivíduos que tenham cometido crimes de lesa humanidade, como tortura ou outras graves violações aos direitos humanos, ou que tenham participado ou colaborado com golpes militares, ou atentados à democracia.

De imediato, houve reação por parte de alguns populares (entendendo que as mudanças causariam problemas na entrega de correspondências) e também pelos tradicionais setores conservadores da cidade. Para estes, é necessário se respeitar a história do país, e trocar o nome dos logradouros é uma manobra ideológica da esquerda.

Esse tipo de debate, muito mais profundo do que aparenta, traz novamente à baila a disputa pela memória do período da ditadura, pela soberania sobre espaços públicos e pela impressão de símbolos históricos no tecido urbano. Enquanto os opositores foram processados, perseguidos e tachados como terroristas (como a direita gosta de qualificar pejorativamente a Presidenta Dilma, por exemplo), os golpistas que se apoderaram do poder do Estado tiveram os seus nomes atribuídos a logradouros públicos e até a municípios – como é o caso da cidade de Presidente Médici no estado de Rondônia. Esses mesmos que lucraram milhões com a venda de nossas riquezas, dizimaram populações indígenas, se utilizaram da censura aos meios de comunicação e artistas, torturaram e mataram centenas de brasileiros, dão nome a dezenas de escolas, praças, pontes e ruas do país.

Face a esta realidade, desde os primeiros anos da redemocratização do país, diversas entidades, partidos e movimentos têm travado lutas para a renomeação desses espaços e para a supressão das homenagens aos agentes do regime, seja por meio de ações simbólicas ou pela via institucional. Em geral busca-se a troca dos nomes dos repressores pelo de cidadãos que combateram ou foram perseguidos pelo regime, sendo uma forma de ressignificar a história dessas pessoas, estigmatizadas como inimigos da nação.

 O Projeto de Lei conquistense não é algo inédito. Em 2013, na cidade de São Paulo-SP, foi sancionada a lei nº 15.717, na qual os moradores de ruas que levem o nome de pessoas que tenham cometido crime de lesa humanidade podem solicitar a mudança de sua nomenclatura. No mesmo sentido a Lei nº 10.086 da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba que dispõe sobre essas alterações.
Mais do que algo burocrático ou preso ao passado, travar essa discussão é debater Direitos Humanos! A diretriz 25 do Plano Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3, traça como objetivo estratégico “fomentar debates e divulgar informações no sentido de que logradouros, atos e próprios nacionais ou prédios públicos não recebam nomes de pessoas praticaram crimes de lesa-humanidade, bem como determinar a alteração de nomes que já tenham sido atribuídos.

Deste modo, ao enfrentarmos este debate e renomearmos as nossas ruas, escolas e praças, repudiamos o Golpe Civil-Militar e os nefastos efeitos que perduram ainda hoje em nossa sociedade. Apresentamos aos jovens a nossa história, e afirmamos que não devemos reverenciar os responsáveis pelos anos mais sombrios de nosso país. Reconhecemos as torturas, estupros, mutilações e as demais violações perpetradas pelo Estado Brasileiro, e bradamos que não as aceitaremos novamente.

Que a lei seja sancionada e possamos rebatizar as nossas ruas com os nomes que realmente merecem homenagens: o das lutadoras e lutadores de nossa região, que entregaram suas vidas em defesa da democracia. Viva Péricles Gusmão, Dinaelza Coqueiro, Franklin Ferraz, Camillo de Jesus Lima, e tantos outros e outras que não se renderam face às arbitrariedades e à violência.

*Alexandre Xandó é Advogado, Coordenador do Programa de Educação em Direitos Humanos da UESB e militante do Levante Popular da Juventude.

terça-feira, 11 de março de 2014

ACAMPAMENTO DA JUVENTUDE DA PERIFERIA - SALVADOR, BAHIA.



“O número total de jovens entre 15 e 24 anos no País supera os 50 milhões, o que corresponde a um quarto do total da população brasileira, conforme dados do IBGE do Censo 2010. O número de jovens cresceu 19,5% desde o levantamento anterior, em 2002, que apontou 33,8 milhões.” (Brasil de Fato, 09/01/2014)
Os jovens da periferia são os que mais sofrem com as contradições de uma sociedade racista e em que a pobreza é visivelmente criminalizada.
Você já foi olhado/olhada por pessoas na rua com desconfiança? Já foi barrado/barrada em algum estabelecimento por não ter aparência padrão de quem o frequenta? Já teve um amigo ou vizinho que foi vítima de assassinato? Já tomou um baculejo?
Essas e outras coisas são muito comuns para os jovens que moram em bairros periféricos de todo o país, e se tratando de Salvador, a cidade com mais negros e negras fora da África, esses acontecimentos  ainda  mais frequentes.
O Levante Popular da Juventude é um movimento social que organiza jovens do campo e da cidade. E o Acampamento da Juventude da Periferia do Levante Popular da Juventude, que acontecerá entre os dias 14 e 16 de março de 2014, em Cajazeiras,  tem como objetivo debater os desafios da juventude da periferia (educação, hip hop, dança, grafite, trabalho, extermínio da juventude negra) e como a organização dos jovens poderá contribuir para a transformação dessa realidade.
Não fique de fora!

A JUVENTUDE DOS GUETOS CONTRA O GENOCÍDIO DOS PRETOS!

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