sexta-feira, 17 de outubro de 2014

DENÚNCIA DE RACISMO NO CAMPUS III- DTCS UNEB: RACISTAS NÃO PASSARÃO!


*Por Levante Popular da Juventude do Vale do São Francisco

Na sexta-feira (19/09/2014), no Departamento de Ciências e Tecnologias Sociais, na UNEB de Juazeiro, Campus III, a funcionária de nome Fátima, cumprindo as obrigações do seu trabalho como faz todos os dias, ao ver o estudante do segundo período de Engenharia Agronômica, Marcus Vinicius Reis, sentado sobre a mesa pediu que o mesmo saísse e teve como resposta: “É por isso que eu não gosto de preto! Preto não vale nada!” Surpresa com tal atitude, a colaboradora então retrucou: "Você sabia que pode ser preso por isso?"  Confrontada,   Ana Gardenia Sampaio de Oliveira, também estudante do curso  e namorada de  Marcus Vinicius dispara: “Como você vai provar?”
Alguns dias depois surgiu uma carta anônima nos corredores da Universidade denunciando o caso. Posteriormente,o estudante fez um documento dizendo que o caso não passava de um "mal entendido" e coagiu a funcionária a assiná-lo, que ao ler e perceber que se tratava de um documento que livraria a culpa do crime, recusou.
Depois do ocorrido, o também estudante de Engenharia Agronômica e militante do Levante Popular da Juventude Diego de Albuquerque estava conversando com a funcionária Fátima quando ambos foram abordados por Marcus Vinicius, que proferiu ameaças ao estudante, dizendo que procuraria Diego fora da Universidade e coagiu Fátima novamente. Diante da proporção que a confusão tomou, Diego prestou um boletim de ocorrência contra Marcus Vinicius.
O Levante Popular da Juventude, com o apoio do SINDLIMP, AKIBANTO, IRPAA, Norte BA Crew e diversas outras organizações que lutam contra o racismo e nos apoiam nesta situação fizeram no dia 17 de Outubro no DTCS do campus III da UNEB um Dia Contra o Racismo. Durante toda a manhã apresentações culturais, alunos e representações dos movimentos se manifestaram em repúdio a todo e qualquer tipo de situação racista ou qualquer outro tipo de opressão dentro e fora da UNEB.


Ainda no dia 17, o Levante se reuniu com o Reitor José Bites e a Profª Márcia Guena, diretora eleita do Departamento de Ciências Humanas (DCH III) e ambos manifestaram repúdio a qualquer ação racista dentro da instituição. O reitor relembrou as ações das políticas afirmativas da UNEB. Além disso, mencionou a abertura da sindicância para apuração dos fatos e salientou que o caso deve ser apurado completamente, desde a manifestação racista até os seus desdobramentos. Bites deixou claro que acompanhará a comissão apuradora e esta deve se manter em atividade, além de promover espaços permanentes de discussão sobre racismo, machismo, homofobia e outros preconceitos por meio da PRAES (Pró Reitoria de Assistência Estudantil) e PROAF (Pró Reitoria de Ações Afirmativas).
A lei Nº 7.716, homologada em 5 de Janeiro de 1989 traz no Art. 1º a seguinte afirmação: “Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de preconceitos de raça ou cor”; e no  Art. 20. “Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.” Logo, racismo configura crime, não apenas um mal entendido.
Estamos indignados e indignadas com tal atitude que contradiz essa falsa verdade de que não existe racismo no Brasil e que as pessoas são tratadas igualmente. Cansadas/os dessas manifestações mais que lamentáveis de racismo é que nós negros e negras nos unimos e nos levantamos para dizer que não deixaremos que os racistas passem em paz enquanto nos encolhemos de dor e tristezas em cantos que já não cabem mais nosso silêncio, não dormirão aqueles que tiram nosso sono. Pois organizadas/os estamos marchando rumo a dias melhores onde pretos e pretas assim como qualquer outra pessoa possam gozar da igualdade tão citada e pouco vivida.
 É inadmissível que um estudante se utilize da hierarquia da instituição e da cor da sua pele para agredir e humilhar qualquer pessoa, seja esta auxiliar de serviços gerais ou detentor/a de qualquer outro cargo, estando ou não nas dependências da Universidade. Repudiamos esse tipo de ação e não nos calaremos diante de situações opressoras.

LEVANTE-SE CONTRA O RACISMO!
Levante Popular da Juventude do Vale do São Francisco

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