Começaram as aulas em algumas Universidades! É hora
de trotes e calouradas para integrar os novos e as novas estudantes, conhecer
gente nova, com pensamento crítico, pessoas esclarecidas... Opa! Há controvérsias!
As expectativas de encontrar na universidade um
território livre de opressões e violências podem ser rapidamente desfeitas ao
nos depararmos com a dura realidade opressora que muitas vezes adquire a recepção das novas estudantes.
A academia não está descolada da sociedade. Muito
pelo contrário, é o campo da produção e reprodução de relações sociais, pois é
nela que se constroem pensamentos, teorias, ou se reforçam velhos e
conservadores pensamentos. Prova disso é que, ainda hoje continuamos vendo vários
trotes opressores em muitas Universidades Brasil a fora. Tais manifestações,
muitas vezes, passam despercebidas por muitas de nós já que acreditamos que não
representa nada mais além de uma brincadeira para socializar calouras e
veteranos. No entanto, determinadas “brincadeiras” estão carregadas de um
discurso e de uma forma de relação de poder desigual entre homem e mulher na
sociedade: o Patriarcado.
Exemplos da reprodução do patriarcado nos trotes
não faltam, indo desde os leilões de calouras até ações que estas são forçadas
a fazer, como desfilar de coleira, ter a pele pintada de preto e receber
apelidos pejorativos de acordo com o seu tipo físico. Esta
prática reflete uma cultura que transforma o corpo e a vida das mulheres em
objeto sexual e mercadoria, disponível aos desejos masculinos. Muitas dessas ações apresentam-se, também, como
racistas, fascistas e homofóbicas, mostrando que o Patriarcado é um sistema que
articula opressões sociais.
Nós, do Levante Popular da Juventude repudiamos
esse tipo trote, e acreditamos que a melhor recepção que podemos oferecer as
recém-chegadas na universidade é estimular o debate e ações que visem a
superação das opressões, derrubando as violências explícitas e veladas que
permanecem em nossa sociedade.
Por
isso, calouras, fiquem atentas!
·
Não se sinta obrigada a fazer o que não quer. Se
puder converse com outras mulheres, não se cale e procure intervir se possível.
·
Não hesite em denunciar práticas abusivas e
violentas sofridas por você ou por outra mulher. As mulheres comumente são
culpabilizadas (pela roupa que usam, por suas atitudes, pelos locais e horários
no qual circulam) e a violência é justificada. Lembre-se: a culpa nunca é da
vítima!
No projeto que construímos para o Brasil, não há
lugar para as opressões. Não é essa Universidade que queremos! Pelo fim da
opressão de gênero! Pelo fim da violência contra a mulher! Pelo fim do
machismo! Levante-se contra os trotes machistas!
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